terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ronnie Von (1973)



A felicidade para os fãs da parte psicodélica de Ronnie Von foi o relançamento dos discos em lp.

A minha tristeza é que o povo não conheceu ainda uma fase dele que pra mim foi mais forte que os discos entre 1968 e 1971.

São discos realmente roqueiros, no Máquina voadora começa a aparecer um pouco dessa veia roqueira na própria faixa.

Eu escolhi desses discos dessa fase "esquecida" o álbum de 1973, o que me cativou de cara.
Vou tentar explicar o porque dessa "nova fase":

A partir do compacto "minha gente amiga"(1971) surgiu um lado diferente de Ronnie Von... Começou a trabalhar compondo canções com o multi-instrumentista Tony Osanah, explorando um lado mais religioso (me refiro ao Candomblé),a voz estava mais forte, mais rouca, os arranjos cada vez mais virados pra o rock and roll. O que se confirmou logo após no compacto "Hey amigo" e no lp de 1972 (de onde saiu "Cavaleiro de Aruanda"), mas o disco de 1973 é o ápice dessa fase...

A equipe técnica é a mesma: Arnaldo Saccomani (sim, aquele do ídolos mesmo)na produção e a maioria das músicas de autoria de Ronnie Von e Tony Osanah exceto quando indicadas...

Neste álbum os detalhes técnicos foram mais detalhados na capa do lp, mas mesmo assim os músicos continuavam a não serem conhecidos do público (e até hoje eu não sei quem são).

O disco já abre com uma big surpresa: "(as coisas vão e voltam)mas acabam em Rock and Roll" que pros curiosos já começa com arranjos de Zé Rodrix que tinha acabado de começar sua carreira solo (ele tinha acabado de sair do trio "Sá, Rodrix & Guarabyra" e estava quase terminando o seu primeiro disco solo, "1º Acto").
É uma música cheia de metais e um coral simples (uníssono) e uma bateria que vai em um Bate estaca do início ao fim da canção, mas não se espante pois tudo nessa música se casa muito bem, infelizmente não virou single, mas merecia!

O sucesso do álbum é a segunda faixa do disco, "Banda da Ilusão" (Alberto Luiz) que fala na letra indiretamente em seguir em frente... sabe-se lá qual o motivo, mas casou super bem com a letra e os arranjos de Zé Paulo Soares (Maestro que ficou mais conhecido por seus trabalhos a partir dos anos 80 para vários artistas), o clima do disco continua nos metais pesados agora acompanhados de uma guitarra levemente distorcida que casou muito bem com todo o resto (inclusive com uma pitada de banda de coreto durante o solo da música, é rápido mas deu certo). A mesma foi lançada em compacto (acompanhada de outra faixa do disco que falarei mais tarde) e também em lps de parada de sucesso da philips (inclusive um compacto que eu já vi que veio a famosa música de Odair José "pare de tomar a pílula que, no compacto que vi, veio totalmente censurada- com direitos a arranhados feitos dentro da gravadora para que a mesma não tocasse de jeito algum).

"Gira girou" (Adilson Godoy) é outra das músicas que remetem a cara dessa nova fase de Ronnie Von, ela lembra sim música de terreiro (como Cavaleiro de Aruanda, inclusive com o mesmo arranjo para o coral que tornam a música ainda mais peculiar), mas essa é totalmente certeira para uma roda de Capoeira, os arranjos de Tony Osanah te levam a se imaginar dentro de uma roda de Capoeira e vendo tudo acontecer. A música abre e fecha com um berimbau tocado de forma precisa que combina com todo o peso da canção. Outro big motivo pra se escutar a canção, também esquecida...

"Velho Sermão" (Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza) é a quarta música do disco e o lado B do compacto "Banda da Ilusão". Os arranjos ficam por conta do próprio Ivan Lins que com certeza toca o piano base da canção.

 Nota especial: Nesta época Ivan Lins estava revendo toda a carreira até então, não existe um disco dessa época, mas existiam pelo menos 6 canções para um novo disco (se você juntar com "não tem perdão"-gravada ao vivo no Phono 73-, o compacto "quero de volta o meu pandeiro/tomara"-lançado em 73, velho sermão-que foi lançada pelo próprio Ivan em 1977 no disco "somos todos iguais nesta noite"- , "Deixa eu dizer"-título e uma das músicas gravadas pela cantora Cláudia, em 1973 mesmo - e "oito pecados capitais"- a canção já estava gravada, mas só veio a conhecimento do público em 2002 quando os discos da philips foram relançados em cd). Fiz essa pergunta ao próprio Ivan e assim que ele der um parecer sobre essas músicas eu atualizo esse post!

"Linda Morena" (William Verdaguer, também arranjador da faixa) é uma música que é talvez uma das mais simples do album, passa tão rápida, mas se encaixa perfeitamente ao disco. O destaque fica pelos backing vocals.

"Deus Sul Americano" é uma das faixas que me chama a atenção não só pelos vocais como o arranjo simples de "capacete"(que arranjou outras duas canções do mesmo album) que conta com violão, órgão, percussão e uma quase imperceptível orquestra ao fundo.
A mesma chegou a sair em compacto junto com "certo e errado" por uma outra subsidiária da philips (MGM records)no ano seguinte, sendo que este disco em questão que estou descrevendo aqui é da polydor (o último de Ronnie Von pela gravadora).

Virando o disco vem outra singela canção: "Santa Maria", outro arranjo de Tony Osanah para o disco. Uma canção totalmente religiosa, mas nada de apologia, apenas um modo diferente de falar de Nossa Senhora sem parecer um sacrilégio. Lembra muito o arranjo de "Deus sul americano", mas também não deixa a desejar nada quanto ao contexto do álbum em si. Caiu como uma luva para o início do lado B.

"Você se foi" (Helio Matheus) é talvez a música mais calma do disco, fala de alguém que partiu e a vida que se tenta tocar em frente, os arranjos ficam mais uma vez na mão de José Paulo Soares. Ela chegou a sair em compacto cantada em espanhol junto com Banda da Ilusão em 1974.

"Essas coisas acontecem Sempre" (Zé Rodrix/Tavito) É outra big canção desse disco. Tem arranjo e a participação do próprio Zé Rodrix (é ele quem chama a contagem do início da canção). A versão dessa música ficou tão boa que não consigo dizer para vocês qual é a melhor versão (pois a outra versão da mesma está presente também no 1º acto, primeiro disco solo de Rodrix em 1973). A voz de Ronnie Von cai como uma luva para essa versão que ainda tem direito a uma pequena Jam no fim da canção (pegue a canção no fim e vá aumentando o volume para você perceber que o clima vai esquentando entre os músicos).

"Ana Maria" (Arnaldo Saccomani), outro arranjo de "capacete". O clima dela é parecido com "linda morena", passam rapidamente sem deixar uma grande marca no disco, apesar do solo de sax e o coral serem o diferencial da mesma.

"Amores Perdidos no ar", outro arranjo de "Capacete" (quem é esse, meu Deus do céu, hehehe) que dessa vez aparece com um arranjo totalmente diferente das outras canções que o mesmo fez para o disco, talvez o melhor! Começa e termina com um solo arrojado e simples de baixo que caem como luva para a canção que tem um arranjo de metais extremamente arrojados, não deixe essa canção passar batida!

"Os frutos do amor" (Tony Osanah, arranjador da mesma também) é uma música centrada numa mesma melodia a canção inteira, mas de um arranjo ao mesmo que simples, muito arranjado! Desde o baixo fuzz constante, ao órgão e violão base e a letra que falaria da segunda volta de Cristo? Escute a mesma e tire as suas conclusões.

É um disco que eu me pergunto até hoje por que não foi descoberto por esses fãs de Ronnie Von e seu lado roqueiro... esse álbum não deixa nada a dever. É um álbum totalmente coeso e até em seus momentos fracos se sai super bem!
Achar o mesmo em lp? É bem dificil... demorei mais de cinco anos para achar o meu por um preço bem bizarro para um álbum desconhecido de seu valor musical (40 reais).
A coisa seria esperar uma reedição em lp? Por que não né?

Abração e até a próxima limpada de agulha!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Erlon Chaves - Banda Veneno Internacional Erlon Chaves vol 3 (1973)



Hoje, como toda postagem tenho feito, decidi que o disco seria esse após ele passar na dona vitrola.
Falar do próprio artista é difícil... o que é que se acha dele sem ser dados de arranjos que o mesmo fez? Não existe uma biografia sequer detalhada sobre a vida do mesmo, imagina dos lps?
Pois bem, vou tentar aqui...

Erlon Chaves já vinha ganhando a vida como arranjador de discos da Elis Regina, fazendo discos por gravadoras menores (sem muito destaque) até que em 1970, com a música de Jorge Ben, ele, e a Banda Veneno foram destaques do Quinto Festival Internacional da Canção em pleno Maracanazinho.
A partir daí, empresariado pelo grande amigo Wilson Simonal, Erlon consegue um contrato mais sério com a philips com o lp (o mais procurado de toda a série) "a banda veneno de Erlon Chaves". Com isso ele já estava tocando no programa do Flávio Cavalcanti e mantendo, desde então, seus discos pela gravadora.

No fim de 1973 chega as lojas o terceiro (mas quarto, se contarmos com o disco de 1971) da série Banda Veneno Internacional.

Produção de Mazola, o que leva o disco àquela sonoridade tão própria da Philips naquele ano (Luiz Melodia-perola negra-,Krig Ha bandolo- Raul Seixas- e tantos outros, basta botar os mesmos na vitrola que você vai ver). Como o mesmo não tem ficha técnica de músicos (só começou a aparecer no derradeiro lp), até desconfio que os músicos sejam os mesmos de todos esses discos. Mas como não sei, não vou confirmar o fato para não saírem me criticando.

Bom, mas vamos as músicas presentes nesse disco.
Como vinha já ocorrendo, a maioria das músicas presentes no disco são músicas presentes nas paradas de sucessos da época. Tirando algumas raras exceções.
Já começa então com essa rara exceção que cai muito bem para o disco:

"Habanera/El Toreador" São duas obras presentes na ópera Carmen, de Bizet, de 1875. Pra essas obras estarem presentes, temos que lembrar que Erlon Chaves era estudado em música, um grande pesquisador até então.
A orquestra ataca de um forma bem alegre, pra cima (bem típico do Veneno), e dando então uma revitalizada e, quem sabe, tentando trazer para as paradas de sucesso esse trecho de ópera.
Como sempre presente, no fim da faixa escutamos o próprio Erlon Chaves soltando algumas frases, para as quais o coral solta um alegre "Olé!". Vale a pena ouvir!

"Push Together/The Cisco Kid" É a segunda faixa do disco com duas músicas distintas: The Chakachas é um grupo Belga que chegou as paradas de sucesso do ano de 1973 justamente com esta música apresentada (é outro grupo bem dificil de achar qualquer dados), mas é uma música super pegajosa nos ouvidos... cuidado que você vai viciar!
The cisco Kid é uma música do grupo "War", é um dos primeiros Hits da banda que já teve Eric Burdon (the animals) em sua formação, mas saiu antes desse hit ser gravado.. The Cisco kid foi o segundo single do disco "The World Is a Ghetto" que foi de cara para o topo das paradas.
O arranjo de Erlon Chaves foi tão bom que você quase não percebe que uma música é diferente da outra!

Logo após vem uma das músicas que a galera mais gosta desse album "Long train runnin/soul makossa".
A primeira canção desse medley é do Doobie Brothers, surgiu originalmente numa Jam ao vivo e acabou virando um dos Big Hits da banda. Não chegou a primeiro lugar fora daqui, mas pelo jeito deve ter pelo menos um dia ter chegado ao primeiro lugar para ter chamado a atenção de Erlon Chaves... de repente foi imposição da gravadora, vai saber...
Os vocal dessa música fica por conta de uma mulher que foi extremamente sensacional na sua interpretação!
Soul Makossa era um lado b de um compacto gravado em Camarões pelo saxofonista Manu Digango que, quando foi descoberto por uma rádio que só tocava som Black se tornou um estouro mundial que até hoje acaba servindo de sample sobre qualquer parte da música (seja a melodia, seja o jeito que Dibango canta ou o sax da música).
No Brasil a canção original chegou voando aos primeiros lugares e , claro, ganhou o disco da Banda Veneno com os vocais do próprio Erlon Chaves que impressiona com a voz grave na canção... Não é tão fiel ao vocal original, talvez pela conotação ao soar para ouvidos não familiarizados com os versos africanos:
A letra original soa "ma-mako, ma-ma-sa, mako-mako ssa" (o "o" soando como "u")
Erlon Chaves cantou "Ma-ma-ma, Ma-ma-ma, Mama-makossa" (o "o" soando como "Ô" pra evitar problemas heheheh). Mas mesmo assim é uma bela junção, escute!

My Love/Live and Let Die (Paul & Linda McCartney) vem de uma certa forma obrigatóriamente juntas... os compactos (as duas são gravadas quase no mesmo período do ano, mas lançadas separadamente) chegaram com Paul McCartney cada vez mais consolidado com seu novo conjunto (Wings) e chegando finalmente a se acostumar a uma carreira sem os Beatles.
My Love é uma música do LP Red Rose Speedway, totalmente dedicada a sua esposa (Linda McCartney) pegou os Brasileiros de assalto e, quando o compacto da mesma chegou às lojas , foi direto pro primeiro lugar!
Live and Let die é uma música feita por encomenda para a trilha sonora Homônima do filme do agente James Bond lançado no mesmo ano.
Provavelmente rolou um momento na qual as duas ocuparam a mesma parada de sucessos por causa de seu lançamento tão perto do outro (nem dois meses de diferença aqui no Brasil)e aqui estão dividindo a mesma faixa neste lp de Erlon Chaves.
O destaque é a parte de Live and let die na qual a mesma vocalista da faixa anterior desse disco que estou falando junto com Erlon chaves falando "Live and let die", o refrão ganhou uma levada diferente que vai ficando cada vez mais rápida conforme a música vai chegando ao fim.

"Issmechú Hashamaim" (música judaica) é a música que fecha o lado A desse disco.
não sei mais detalhes sobre a canção original, e nem o motivo de Erlon Chaves ter incluído a mesma neste lp, mas ficou com um arranjo maravilhoso, e bem respeitoso!

O Lado B abre com "Jingle Bells/White Christmas", a primeira tradicional e a segunda de autoria de Irving Berlin. Tratando-se de um disco lançado tão perto do natal, dá pra se ter uma idéia de porque ela está neste lp. Meu comentário é: Ficou Ray Conniff demais, mesmo pro Erlon Chaves... pule, comece da segunda faixa.

"Killing me softly with this song/Lost Horizon" É a segunda música desse lado do disco... o que a outra foi transformada numa cara de Ray Conniff, essa já está totalmente transformada numa única faixa de Burt Bacharach, estremamente mais agradavel aos ouvidos pra quem já vinha acompanhando o lp desde o início.
"Killing" é um big sucesso na época na voz de Roberta Flack no ano de 1973, até hoje umas músicas que mais me impressiona... é realmente brilhante!
"Lost Horizon" é do próprio Bacharach, feita para a trilha do filme Homônimo lançado em 1973 também.

"I don't live without your love" É a segunda música desse disco que aparece sozinha... Quem é Norel Keys? A charada está respondida no próprio nome! Norel (Erlon numa sopinha de letras) e Keys (Chaves em inglês).
Por que a mesma não tinha um crédito a ele? Não existe uma fonte de pesquisa qualquer exceto pelo livro de Simonal (Ninguém sabe o duro que dei) no qual se fala da última faixa do derradeiro lp da banda veneno: Danielle (nome da menina que seria adotada por Erlon e sua esposa. A adoção não foi concretizada pois Erlon e sua esposa estavam esperando a esposa de Flávio Cavalcanti entrar em trabalho de parto, mas Erlon morreu antes, de infarto) creditada também a Norel Keys.
É uma simpatica e curta canção... escute!*

"let your yeah be Yeah/He" é a penultima música do album. Esse medley é praticamente de duas músicas de bandas "one hit wonder".
Let your yeah be yeah não é "one hit wonder" só pro compositor: Jimmy Cliff, mas para a banda Brownsville Station foi... ela teve outros pequenos hits, mas foi esse quem trouxe a fama mundial temporária para eles.
"He" é uma música gospel que foi um hit temporário da banda "today's people", tudo pesquisado até então só indicou que foi feito apenas um compacto com essa música e nada mais... só não passa despercebida nesse album pois a versão da banda veneno é bem alegre para as duas canções que se casaram perfeitamente.

"o show já terminou/de tanto amor/a distância" é a música que fecha o album com uma bela homenagem a Roberto Carlos (e a Erasmo como compositor), já que nesta época já se tinha o costume de: pra um disco ser inesquecível, tinha que passar as vendas anuais do Rei... sempre foi assim desde os anos 60.
"o show já terminou" era um sucesso na época dessa versão, mas só tinha saído em compacto até então.
"de tanto amor" é um hit do disco de 1971 e "a distância" era outro big hit do disco de 1972.
Eumir Deodato (presente no volume 2) e Roberto Carlos foram os únicos Brasileiros que tiveram seus hits na série internacional da banda veneno (teve o lp "medalhas de ouro de Erlon Chaves e Paul Mauriat, mas esse foi totalmente dedicado a música Brasileira).

Quanto ao lp, eu recomendo demais ter ele em sua casa. Qualquer disco do Erlon Chaves é um pouco dificil, mas dei a sorte de achar esse por 20 reais. Recomendo a procura!
Até o próximo!

* A partir do segundo disco "Erlon Chaves e Banda Veneno Internacional", todos os discos aparecem com músicas autorais creditadas a Norel Keys: all my love is for you(volume 2), I don't live without your love(volume 3), Alone on the Beach (volume 4 - parceria de Norel Keys/Mazza-Mazzola- e Bruce Henry-?), I'm foolish but i love you e Danielle (volume 5)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Benito di Paula (1971/1979)*



Este disco tem uma das curiosidades de minha cabeça... Por que duas datas?

Pra quem espera um disco de samba não vai se decepcionar totalmente, mas pra quem se pergunta como seria se Benito di Paula seria se não seguisse pelo samba, eis um belo prato de boas variações (as melhores na minha opinião).

O disco é uma variação bem black no sentido da palavra. Digamos que é super bem vindo para quem justamente quer ouvir coisas diferentes, se quiser, até dançar!

Mais de 85% do disco é de covers, mas não se assuste, tem versões até melhores que as originais!

Bom, o principal motivo pelo disco ter sido lançado e retirado das lojas já é o mesmo motivo pela canção em sua versão original ter sido tirada das lojas:

Apesar de você (Chico Buarque), foi lançada originalmente pelo próprio Chico em compacto em 1970. Aí o disco de Benito já estava sendo feito e, como a mesma entrou nas paradas de sucesso (até os censores descobrirem que era uma música de protesto disfaçada), entrou como a abertura do disco... Aí, quando a censura descobriu qual era o verdadeiro sentido da letra da música, o compacto de Chico Buarque foi retirado das lojas e , com ele, o disco de Benito di Paula também (que pena, grande pena). Mas o mesmo lp (pelo que andei pesquisando) devido ao grande sucesso de suas canções dos discos lançados no ano de 79*, acabou finalmente voltando as lojas, mas já era tarde, o disco já estava bem obsoleto.

Voltando ao disco a segunda faixa já mostra o lado black chegando de modo pesado no album de estréia de Benito: Jesus Cristo (Roberto/Erasmo) já começa totalmente diferente da versão diferente (é solada a melodia clássica "Jesus, alegria dos Homens"- de Bach) e já chama para um soul que parece ter sido justamente pra Benito di Paula cantar (uma voz super grossa não chegando a rouquidão constante). Uma das músicas que mais chama a atenção do album!

"Você vai ser alguém" é a primeira das 4 faixas do album que são de autoria do próprio Benito di Paula. Mas não tem nada haver com samba (ainda), ela lembra muito mais uma música de festival (e cá entre nós, não deixaria nada a dever!).

"Viagem" (Taiguara) É bem ao pé da versão original, que, na minha humilde opinião, saiu ganhando por ter tanto reverb quanto a versão do autor!

"Na tonga da Mironga do Kabulete" (vinícius de Moraes/Toquinho) vem um pouco mais acelerada (nem tanto) e sem a versão recitada da original, mas vem bem fiel a primeira versão (o mais perto de samba do disco? sim, quase lá!).


"Longe de você" (Benito di Paula/Carlos de Carvalho) se aproxima muito do estilo da primeira música autoral do disco, mas parece um pouco como jogada pra escanteio, apesar de ser uma bela faixa.

O lado B começa com duas releituras do primeiro disco de Ivan Lins, mas, que me desculpem os fãs, a primeira ficou como uma versão definitiva na minha opinião:

Salve Salve (Ivan Lins/Ronaldo Monteiro) sai do ritmo caribenho da original e ganha uma levada soul talvez mais dançante que a original? Não sei, mas Benito está matando a pau com essa interpretação viceral (temos que lembrar que antes disso, Benito di Paula era cantor de baile, então pra ele ter chegado nessas gravações com mudanças feitas em apresentações antes não custa nadinha).

Madalena (Ivan Lins/Ronaldo Monteiro) chega mais enxuta que a versão original sem muitos arranjos, mas aí sim um pouco mais rouca que a mesma na primera versão).

"Eu gosto dela" (Benito di Paula) é a melhor música autoral dele neste disco. Não é bem um samba, leva um pouco de salsa e o arranjo é fantástico!

"Azul da cor do mar" (Tim Maia) vem com a levada igual, mas ao mesmo tempo totalmente diferente com uma guitarra havaiana (não posso dizer quem é pois o disco não tem ficha técnica) linda floreando a música toda!

"menina" (Paulinho Nogueira) vem bem fiel a original, mas não deixa de ser uma das músicas favoritas do disco.

"preciso encontrar você" (Benito di Paula) é a faixa que fecha o disco, mais uma vez mostrando um Benito totalmente diferente do que conhecemos um pouco depois. Essa música, por causa do arranjo, me remete a músicas do Agnaldo Rayol, é algo que ele gravaria com certeza!

Resumo sobre o disco: Cace ele, tenha em sua coleção (de preferencia em vinil, pois a qualidade é muito melhor) pois vale a pena ouvir esse primeiro lançamento do mesmo.
Acredito que um disco (não primeira edição... quase impossível de achar) deve estar na faixa de seus 20 reais... Quando se acha!

Até mais

*correção vinda a tempo graças ao grande Manoel Filho (eu tinha escrito 1973 por pesquisas na internet, mas ele corrigiu a tempo falando que este disco só foi relançado em 1979)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Elvis Presley - Let's be Friends (1970)

Este disco é uma das mais belas tacadas da RCA/Camdem (subsidiária da RCA para lançamentos mais baratos e de discos fora de catálogo) pois foi realmente uma coletânea com intenção de parecer um disco de carreira.

Explico porque:

Com a volta de Elvis aos palcos e o sucesso após sua volta com o "68 comeback special", o rei voltou para o estúdio para trabalhos de ainda mais qualidade, mesmo que fosse para trilha de seus derradeiros filmes (nos quais ele se dedicava muito mais a atuar do que a aparecer cantando).

Com essa volta, seus albuns de trilha sonora acabaram saindo de catálogo, aí foi prato cheio para essas coletâneas da Camdem (depois relançada pela pickwick do Canadá). Mas vamos nos basear nesta coletânea.

O disco praticamente é todo audível (depois explico) pois ao longo de suas 9 faixas em 21 minutos se torna praticamente um disco viciante de modo a você repetir ele várias e várias vezes.

De cara ele já abre com o que chamo de volta de Elvis ao lado country...Stay Way Joe (aqui na versão do single, não do filme) que é uma música de violão, percussão e rabeca, e um clima totalmente amigavel. É uma big boas vindas ao disco (sendo que a mesma nunca mais voltou a aparecer em lp, só em cd).

If I'm a Fool (For Loving You) É mais uma das sessões de Elvis em Memphis (que resultaram nos albuns "from elvis in memphis" e "back in memphis" (o segundo fazia parte do album duplo "from memphis to vegas/from vegas to memphis"), mas esta música , e a primeira do lado B desse disco não entraram nos albuns, figurando aqui pela primeira vez e trazendo um lado country mais para as paradas (pena que não entraram).

Let's Be friends (a música que intitula este disco) faz parte da trilha do último filme de atuação do Rei do Rock (Change of habit), mas a mesma não figura em nenhuma parte do filme, e como o filme não teve um album de trilha sonora, só saiu o crédito de música do filme, mas só saindo neste album em questão do qual estamos falando aqui. É uma linda faixa.

Let's forget about the stars é outra faixa que é indicada como música de filme, mas nunca lançada como tal (só figurando aqui nesta coletânea). Era pra mesma ter saído no filme "Change of habit".
Mama  era uma faixa que passa no filme Girls Girls Girls (1962) mas não está presente na trilha sonora do mesmo. Ela não combina muito com o conteúdo da coletânea, mas ok, tem quem goste

Se acha que a força do disco está no lado A, aí que recomendo mesmo começar pelo lado B! É onde o bicho pega com força:

Já começa de cara com a segunda música desprezada da sessão de 1969 em memphis: "i'll be there" (meu comentário é: ainda bem que ficou de fora dos albuns, é bom que deu uma bela força para esse album).
Chega então uma das músicas lentas mais lindas desse album que por um detalhezinho não ficou a melhor do album:

"Almost" é uma música da trilha de "the trouble with girls" que também não entrou no filme. A parte triste é um detalhe técnico que não deu gás a canção... o microfone de Elvis parece ter sido tristemente equalizado, ou era de qualidade inferior (é o que eu acho) que, mesmo com Elvis cantando com toda sua força, não ficou boa... É uma pena.

Duas das minhas favoritas fecham esse album:

Change of Habit é a música titulo do ultimo filme atuado de Elvis, mas ela só passa nos créditos iniciais do filme. Merce ser escutada com muita atenção pois é uma música de você aplaudir de pé o músico e a banda.

E pra fechar bem a simpática Have a Happy (que entrou no filme), ela parece ter sido gravada mais a toque de caixa pra existir rapidamente e ser ignorada, mas acabou sendo uma linda canção.

Esse lp tem duas edições: Uma de 1970 (a original Camdem) e a segunda de 1975 pelo selo pickwick (está é a edição que você consegue achar). É um disco extremamente dificil que, se saiu em cd, já deve estar fora de catálogo há muito tempo.
Deve estar em torno de 50 reais um Lp em bom estado em lojas que o cara não liga muito pro Elvis... agora na mão de cara que sabe que isso é raro... prepare-se! Basta olhar no mercado livre as facadas!

até o próximo!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

The Beatles - Beatles Again (1964)



Antes da capitol aparecer com o disco americano (aqui batizado de Hey Jude), a Odeon daqui já tinha lançado, seis anos antes, um disco com mais de 95% de músicas diferentes.
Hoje ele vira o tema de meu blog.

Pois bem... vamos ao cenário dos lançamentos por aqui:

Não que o Brasil tenha seguido a tendência dos Estados Unidos ao começar a explodir com a Beatlemania por aqui (tanto que existem dois compactos lançados no Brasil antes da chegada dos Beatles nos primeiros lugares americanos), mas a coisa explodiu de tal forma que, como já se tinha no mercado inglês vários compactos e 2 lps lançados, a subsidiária brasileira resolveu brincar de quebra cabeça, acabando por sinal, com esse disco em questão , fazer uma de suas melhores montagens!

Pra começar, 99% deste disco parece ter sido copiado direto de fitas masters (depois explico o tal 1%). O que torna, para a época, esse lançamento que, até hoje, considero como o primeira edição com maior qualidade lançado no Brasil.

Já havia sido lançado o primeiro lp "quebra cabeça" por aqui (Beatlemania), mas tirando 3 faixas, ele se torna praticamente o with the Beatles inglês (inclusive com capa igual)com várias faixas a menos.

Este segundo, lançado no fim de 1964 é um belo apanhado da obra dos Beatles lançada até então:

O album abre de cara com Please Please me (que já tinha sido lançada por aqui no primeiro compacto brasileiro) que já vai preparando o ouvido para o estouro que virá.

Logo após, chega Ringo com o belo Rock and roll "Boys" (até então inédita por aqui)
Twist and shout já havia sido lançada aqui como o primeiro compacto duplo e vem mantendo o clima do disco bem pra cima.
Para aliviar, vem a parceira do primeiro compacto brazuca: From me to you.

Continuando o clima do primeiro disco inglês, vem a balada inédita por aqui "baby it's you, acompanhada por outro lançamento inusitado para terminar o lado A da bolacha: "I'll get you" (lado b do compacto simples inglês "she loves you")

Abrindo o lado B e as músicas que ficaram de fora do primeiro lp Brasileiro, Hold me tight e money vem colocando peso no disco.

Logo após aparece mais uma música do primeiro compacto duplo Brasileiro na voz de George, "do you want to know a secret".

Vem então um dos futuros estouros de rádio tanto em versões como na original "All my loving", também inédita até então por aqui.

Apesar de ter sua versão com Ringo lançada no primeiro compacto duplo"Oficial" lançado por aqui , Love me do aparece com a versão do lp Please Please me para vir chamando o sucesso das rádios... mas , a única que foi copiada direto de um lp... ou compacto.

Can't buy me love (que é a tal da música que falei que aparece também no Beatles Again americano, de 1970 e é o fim do lp que entra naquele 1% que falei de um master um bocado bizarro) ela começa em um fade in que só termina no segundo verso da primeira estrofe da mesma. O som totalmente fechado (ok, sei que antigamente não tinha como se exigir algo de ótima qualidade da matriz, mas se já tinham tido tanto esforço com as outras canções presentes no lp, por que não essa também não teria vindo com uma qualidade superior? )

Tirando esse último contratempo, o lp por essa ordem peculiar, extremamente dançante e uma capa totalmente diferente, se torna algo raro de se achar hoje.

Existem tiragens depois de 1964 (eu já vi um de 1972, selo amarelo, mas não recomendo pois como eles não tinham os masters estereo, fizeram um master fake estereo que infelizmente não dá pra se ouvir direito..)
Uma cópia dele hoje deve custar no mínimo uns 45 reais (isto sendo modesto, devido a alta procura não só aqui no Brasil, como lá fora).

até mais