terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Quadrilogia Parte 1: Harry Nilsson - Nilsson Schmilsson (1971)

Quadrilogia Perry/Nilsson/Ringo e amigos.

O que eu nunca ouço falar é alguém comentando desses quatro discos ao mesmo tempo: Nilsson Schmilsson, Son Of Schmilsson (ambos de Harry Nilsson), Ringo e Goodnight Vienna (os dois últimos de Ringo Starr).
O que tem os albúms em comum se nem da mesma gravadora são? Praticamente TUDO haver!
Pra começar é o produtor... o mesmo dos 4 discos (Richard Perry), e a coisa de que todos esses albums foram gravados com a ajuda dos amigos, e sempre direta, ou indiretamente, ligados ao Beatles.
Vamos seguindo a história pois temos muito a falar:
 Disco 1: Harry Nilsson - Nilsson Schmilsson (1971)

Nilsson já vinha tendo um pequeno sucesso com seus discos lançados desde 1967 (destaque para a versão de Everybody's talkin' do album aerial ballet - presente também no filme e na trilha de "midnight cowboy- e o grammy pelo album Nilsson Sings Newman- Randy Newman) mas como todo mundo ele procurava um amadurecimento ainda maior para seu trabalho. Nessa história chega Richard Perry que consegue exatamente o que Harry queria.

O album abre com "Gotta Get Up" (nilsson) que já mostra uma sonoridade totalmente diferente não só de seus antigos discos como de todo o som feito até então de outros artistas. Os metais vem com uma característica toda de Richard Perry que acabou virando marca registrada de quase todos os discos feitos por Harry Nilsson nos anos 70.

"Driving along" (Nilsson) vai seguindo o clima das inovações (repare que logo no inicio da canção tem o som de alguem entrando em um carro, tentando dar a partida e seguindo logo após) e cheio de arranjos vocais bem característicos de Nilsson (são realmente muito bons, mas não os melhores do album...)

"Early in the morning" (Leo Hickman, Louis Jordan, Dallas Bartley) é um dos momentos extremamente mais simples do album (pra você ter idéia, qualquer momento desse disco é totalmente impressionante... vale escutar) com Nilsson se acompanhando sozinho no estúdio com um simples órgão sem nenhuma nota bárbara para os especialistas, eu gosto mesmo dessa faixa pela simplicidade em tudo.

"The moonbean song" é outra que segue o estilo simples, mas começa a inovar no mais belo arranjo vocal, repare nos arranjos do contrabaixo tocado por Herbie Flowers...

"Down" É mais uma com um arranjo de metais bem característicamente pesado, mas o destaque total da canção é a voz de Nilsson, nada leve, estremamente pesado que encaixa como uma luva nessa canção.

"Without you" (Pete Ham, Tom Evans) é uma música que nem precisa falar do tanto que ela é conhecida... A música tinha sido lançada no mesmo ano no album "no dice" da banda Badfinger (contratada da apple, gravadora dos Beatles), mas os arranjos vocais e a sutileza nos instrumentos (piano e a orquestra são o destaque) tornaram essa música praticamente numa música atemporal... toda a rádio que se preza coloca essa versão pra tocar pelo menos uma vez por semana, ou uma vez em duas semanas senão o povo pede mesmo! É também uma música obrigatória em todas as coletâneas de Nilsson até hoje (todas as que vi tem a música presente) e todas as coletâneas de músicas românticas internacionais tem que obrigatoriamente ter a canção no disco... É sim a galinha dos ovos de ouro do album que garantiu um prêmio e 3 indicações no grammy (de 1973??).

"Coconut" (Nilsson) é Nilsson nos vários "Nilsson". Por que falar assim? você praticamente ouve todos os jeitos possíveis e impossíveis de se ouvir a voz dele. É o quase destaque vocal do disco... chega a passar quase despercebida mas ganhou o coração das crianças, vira e mexe você vê alguma criança americana cantando essa música no you tube...

"Let the good times roll" (Shirley Goodman, Leonard Lee) é outro cover do disco, original de 1956, ganhou uma nova forma com essa gravação... sendo mais uma vez como o coro de Nilssons sendo a principal arma e o solo simples de gaita que caiu perfeitamente nos colos da canção.

O destaque total desse disco vem com a próxima canção: "jump into the fire" (Nilsson) Herbie Flowers (baixo), Roger Pope (Bateria) e John Uribe (guitarra) roubam a cena total durante todo o trajeto de seus quase sete minutos de música, é um rock extremamente dançante no qual tudo nela se torna marcante (o solo bate estaca da bateria, o desafinar do contrabaixo que impressionantemente volta a sua afinação precisamente na hora certa da canção e o riff constante da guitarra- gosto mais do riff que termina a canção) e com o potente vocal de Nilsson coroam de vez o album, mas ainda tem mais uma canção.

"I'll Never Leave You" (Nilsson) é uma ótima canção, extremamente calma que diríamos que, se você escutar esse album de noite, essa música vai te levar pra cama hahahahha.
Fecha-se assim este album.

Tá no pique? Então vamos pro segundo album:

Quadrilogia Parte 2: Harry Nilsson - Son of Schmilsson (1972)


Se o outro album já tinha ligações com os Beatles (o outro contrabaixista, que tocou na maioria das músicas do album foi Klaus Voormann - o mesmo amigo da alemanha e quem projetou a capa do Revolver, dos Beatles), neste album o ciclo se torna praticamente implícito com a gravação de parte do disco nos estúdios da Apple em Londres e a participação DIRETA de dois ex-beatles... Ringo (creditado como Richie Snare) toca bateria praticamente o álbum todo e um ouro Beatle que vou falar na hora certa.
O clima do disco é instrumentalmente o mesmo presente no último (Nilsson Schmilsson) porem dessa vez o teor das letras em sua maioria viram praticamente piadas (como se eles estivessem se divertindo apenas com eles mesmos). Dá certo pois o disco é ótimo... não pras paradas de sucesso que ainda estavam com Without You na cabeça..

"Take 54" é a música que abre o disco já no clima pesado pra menores de idade bem entendidos (fala calarente de um "mão nisso e mão naquilo" de uma visitante durante as tentativas de gravação de uma canção) que vem com um ótimo solo de sax e uma "apresentação macabra" logo no fim da faixa (praticamente uma vinheta no disco) que relembra muito aqueles filmes de terror de orçamento baixo dos anos 50/60:

 - SON OF SCHMILSSON! (uma voz bem grave cheia de eco e ao fundo um grito constante de mulher)
 - Ahn? what's goin' on man? Hey, Who said that? Harry, is that you?
 - SON OF SCHMILSSON! (agora um barulho de lobo uivando)
 - hehe, that's not funny man, what is the "sourd"of a...a... what is so kind a...What did you get the sound effects from?
 - RCA...RECORDS AND TAPES (E uma risada macabra de Nilsson logo após)

"Remember (Christmas)" é a segunda faixa, a mais séria do album? Com certeza: O piano é de Nicky Hopkins ( o mesmo que fez o solo de Revolution, dos Beatles) e uma voz calma e certeira de Nilsson... chega a fazer parte de coletâneas.. mas nem todas. Uma tristeza pois é uma bela canção.

"Joy" é a música country do disco... Mais uma hilária sendo séria nesse disco. Totalmente recitada em suas estrofes, tirando o coro do refrão. Ela chegou a sair sem créditos a Harry (usando um pseudonimo de Buck Earl) para fazer graça, mas também não deu nada. Uma música muito boa, mas infelizmente esquecida.

"Turn on your Radio" é uma música séria que quem pegar o violão e for tocar a mesma vai perceber que pegando suas notas da introdução dá pra indiretamente tocar uma parte de Blackbird dos Beatles... descobri quando estava tocando essa canção. Muito simples também, valeria um single.

"You're Breaking my heart" tem a participação de George Harrison (creditado a George Harrisong no disco) mas apesar de todo o solo o que fica em destaque é a primeira vez que em um disco de Nilsson rolou não um palavrão, mas várias vezes!

"You're breakin' my heart

You're tearin' it apart
So fuck you"

ou em outra frase:

"You stepped on my ass".


O legal é a edição específica dessa música em alguns países: no Brasil, toda vez que se falava a palavra "Fuck" ela era trocada por um efeito de Marretada, e "ass" foi trocada por praticamente um apito de fábrica, só escutando pra você ter uma idéia.

Vira-se o lado do disco e vem uma das músicas mais bem preparadas e arranjadas do mesmo: "Spaceman" chegou a virar single mas também não conseguiu surtir efeito. Tem um belíssimo arranjo de orquestra!

"the lottery song" É simples? É, a melodia dela não passa de uma parte só, mas o destaque mesmo é os arranjos vocais que vão chegando cada vez mais até o fim da canção (bem parecido com o "chegar" de vozes em Coconut e Good Times Roll).

"At My Front Door" (Ewart B. Abner, John C. Moore)é o primeiro e único cover do albúm, que pela segunda (e última vez) tem uma vinheta pra mostrar a piada até com as próprias canções do album:
Começa a mesma como se fosse recomeçar "remember", porém:

 - Long ago/Far away (e vem de repente um arroto daqueles de bebado carregado) excuse me (e todo mundo do estúdio cai na risada)

Começa enfim a canção, mais uma das bem animadas do álbum, mas no final dela vem algo que já anuncia o que 2 albuns a frente seria um problema bem feio para Nilsson: Quase no fim da canção ele está fazendo um agudo altíssimo, para, e começa a frase que foi quase eliminada da versão oficial, mas como estavam todos gravando ao vivo esta canção, acabou vazando um "i can't keep it anymore" ou "i can't take it anymore", sinal que a voz de Harry não estava mais aguentando seus velhos agudos...*

 * durante a gravação do album "pussy cats" (o famoso album produzido por John Lennon, gravado em 1974), Harry Nilsson simplesmente Rompeu uma prega vocal... a recuperação total só aconteceu 3 anos depois em 1977.

"Ambush" é literalmente uma marcha de guerra, talvez a música mais perto de um protesto gravada e escrita por Nilsson, fala sobre todos se manterem juntos e cantando pois se (ou quando) a música acabar o inimigo vai abrir fogo. Pode estar falando sobre qualquer manifestação da época, seja no local ou em outro canto do planeta (se tratando do ano, 1972, pode estar falando claramente das manifestações contra a guerra do Vietnã- se tratanto de Nilsson ser americano, pode fazer todo o sentido). A guitarra solo dessa música, como da maioria das músicas desse disco ficaram por conta de Peter Frampton!

"i'd rather be dead" (Nilsson/Richard Perry) é mais uma das músicas "engraçadas" do álbum, mas que chega a falar uma verdade que acho que ninguem quer pra si: Preferir morrer do que molhar as calças.
Até aí tudo bem, é uma verdade. O que torna a faixa bizarra é que Nilsson não canta ela sozinha: Ele chamou vários velhinhos para fazerem parte não só do coro como cantar estrofes da canção!
Até eu ver o documentário "did somebody drop this mouse" (que fala sobre a gravação total do album Son of Schmilsson, mas nunca foi lançado oficialmente),eu não acreditava se tratar literalmente de velhos, mas lá estavam eles cantando. Alguns ofendidos pois não sabiam qual seria a música a ser cantada, e outros se divertindo, pois ela foi gravada literalmente ao vivo em estúdio em um clima de festa com direito a bebida!

"the most beatiful world in the world" é a faixa que fecha esse disco. E se acham que ela passa despercebida como a última de Nilsson Schmilsson (i'll never leave you). Ela fala do mundo que é vivido num relacionamento e a certeza de que não vale a pena sair de lá (até parece mesmo com i'll never leave you) mas essa tem uma sutileza totalmente Nilsson/Perry: De repente a música para o pop e se transforma em uma obra literalmente clássica (inclusive no documentário mostra Harry gravando a mesma ao vivo vestido com seu famoso Robe (que estampa a capa do Nilsson Schmilsson) e que era sua peça de roupa favorita.

Ela fecha com um simpático tchau tchau:

 - So long, folks! (Harry)

 - Goodbye, Harry. (Perry)
 - See you next album, Richard.(Harry)
 - GOODBYE! (os dois).

A tristeza é que os dois nunca mais trabalharam juntos em um album de Nilsson. Porém no ano seguinte os dois estariam juntos mais uma vez para essa festa entre amigos...

Quadrilogia Parte 3: Ringo Starr - Ringo (1973)


Desde a saída dos Beatles, Ringo esteve bem ativo no mercado das artes (foi o único Beatle que lançou dois albuns no ano do fim da banda e desde então atuava bastante em filmes), ficando 1971 e 1972 só por conta de dois compactos de sucesso (it don't come easy e back off boogaloo) ele decidiu por conta própria, no início de 1973 que lançaria mais um album que , pra sua carreira, sairía como o disco mais marcante.
O disco é cheio de amigos que aceitaram prontamente ajudar Ringo nessa nova empreitada, inclusive com a produção de... Richard Perry!*

 *Richard Perry já havia trabalhado com Ringo fazendo os arranjos da música "Sentimental Journey", que também é título de seu primeiro disco solo.

O lado A já abre com o mais perto que teríamos de uma união de Beatles pelos próximos 31 anos (lembrando que em 1994 eles se uniram para o projeto anthology):
"I'm the Greatest" (John Lennon) tem Lennon no piano e backing vocals, George Harrison no Slide, Ringo na bateria (de todas as canções) e Billy Preston no órgão.
A canção conta um pouco do que John sempre achou de si mesmo (a música era pra ter saído no álbum Imagine).
Quando a imprensa soube que os 3 ex beatles e 2 relacionados a história da banda tinham se juntado para a gravação, juravam que dali sairía a nova formação da famosa banda de liverpool (sem Paul, pois até então o ex baixista tinha processado todos para se desligar tanto da apple - gravadora dos 4 beatles - como dos compromissos firmados entre os 4 - direitos autorais e etc).

"Have you seen my baby" (Randy Newman- aquele mesmo que o Nilsson gravou um disco totalmente dedicado as músicas compostas por ele) era uma música que circulava pelo meio mas sem um lançamento original (pesquisei até então e a única coisa relacionada a música, sem ser pelo Ringo é uma versão não lançada na época de JJ Light, o mesmo que fez sucesso com Heya heya em 1970) até ganhar sua versão definitiva aqui. O definitivo destaque dessa música é a guitarra solo de Marc Bolan (sim, o t-rex!).

"Photograph" (Ringo Starr/ George Harrison, que também toca o solo da música) é a primeira de todas as músicas desse álbum que se tornaram obras constantes em seus shows até hoje.
Conta-se que a música na verdade foi escrita a quatro mãos (Ringo, Cilla Black- ex contratada da apple- Harrison e Pattie Boyd - esposa de George na época).
Foi a primeira música do disco a sair em compacto se tornando ouro instantaneamente e primeiro no lugar em muitas partes do mundo (exceto Inglaterra), abrindo caminho para o resto do disco que estava quase todo pronto.

"Sunshine Life for me (sail away Raymond)" é outra música com contribuição de George que vai parar neste album, além de compor a canção, ele também toca a guitarra solo e faz os backing vocals. É uma canção que hoje (pra quem não conhece o disco) passou despercebida no meio do furacão que era esse disco.

"you're sixteen" (Bob Shermann/Dick Shermann) é um cover de 1960 originalmente gravada por Johnny Burnette, mas a versão defitiva veio com esta que está neste disco. Dessa vez outro ex-beatle junta-se ao disco para sua participação: Paul McCartney no Kazoo (ele usou o mesmo instrumento em when the night, do seu album no mesmo ano chamado "Red Rose Speedway") e Harry Nilsson (ó o cara aí) aparece com todos as vozes do coral. A música também foi um sucesso instantâneo quando foi lançada e também virou peça indispensável dos shows de Ringo até hoje.

O disco vira e começa com a contagem de Billy Preston para "Oh my my" (Richard Starkey**/Vini Poncia) que aparece lá com piano e órgão. A música fala da pessoa que aparece cheia de dores e queixas e que um médico recomenda-lhe dançar para passarem seus problemas e doenças, o que dá certo.
O Coro da música é outra coisa marcante de toda a canção (Merry Clayton, Vini Poncia e Martha Reeves) que vem como o solo fascinante de Sax de Jim Horn.
Esta música é realmente marcante para os fãs do disco e da discografia do Baterista (que nesta música e em mais de 90% do lp tocou bateria junto com Jim Keltner - que também fez bateria para os dois discos de Harry Nilsson que falei antes e também fará parte do discos que explicarei depois do término desse).

** é o verdadeiro nome de Ringo, todas as músicas que o mesmo compoe são creditadas sempre ao seu nome real


"Step lightly" (Starkey) é um country(?)e é uma música para dança(?), posso te afirmar que as duas opções estão certas para esta canção (que foi o lado B do compacto com "oh my my" do lado A). Além do clima ferrenho de um country bem tocado (destaque pra Steve Crooper na guitarra solo e Nicky Hopkins no piano elétrico) ganha destaque no meio do solo de clarinete o sapateado feito pelo próprio Ringo (que ganha os créditos no disco de Richard Starkey, MBE***)

*** desde o fim de 1965, os quatro Beatles ganharam o título de "Membros do Império Britânico" (Members of British Empire) das mãos da própria Rainha da Inglaterra pelo trabalho que, feito na Inglaterra, ganhou destaque no mundo todo. O título então acabou virando motivo de gargalhadas todas as vezes que alguém se referia desse jeito (MBE) sobre Ringo.

"Six o'Clock" (Paul & Linda McCartney) foi gravada (assim como parte de You're sixteen") em Londres devido aos problemas que Paul teve com plantação de Maconha em sua fazenda na Escócia, não podendo , então, entrar nos Estados Unidos para gravar suas partes do disco. Mas, sem problemas, o trabalho dele por lá caiu como uma luva para o disco.
É uma música feita exatamente para Ringo, nem imagino Paul cantando ela, já os arranjos remetem justamente ao ultimo disco de Paul (que foi citado mais acima).
Infelizmente a música não foi lançada em compacto, assim como sua versão completa (a do disco acaba em quatro minutos e seis seguntos, quanto a versão maior tem Cinco minutos e trinta e cinco segundos com uma Jam bem entusiasmada).

"Devil Woman" (Poncia/Starkey) é uma das músicas mais pesadas do álbum, com aquele arranjo de pesais bem típico de momentos fortes dos Lps de Nilsson citados antes,
mas o legal mesmo é o coro grave feito por Klauss Voorman e Richard Perry, saiu como lado B do compacto com You're Sixteen.

"You and me (Babe)" (George Harrison/Mal Evans-ex roadie dos Beatles) é um singelo bye bye pra quem está escutando o disco. A música trata-se justamente de se falar sobre o fim dos trabalhos e sobre como o disco pode chegar aonde Ringo poderia não estar (ele fala de estar em outro lugar bebendo enquanto fica girando em seu toca discos). É bem o estilo de despedida que rolou em Sgt. Pepper's Reprise (a penúltima canção do álbum dos Beatles,de 1967). Só que dessa vez agradecendo exatamente pessoa por pessoa que estava fazendo ajudando neste disco:

"well, it's the end of the night and i'd just like to say thank you to ev'ryone involved/In this piece of plastic we're making.

Good, old Jim Keltner, Klaus Voorman, Nicky Hopkins, George Harrison and John
Lennon, Paul Mccartney.
Richard Perry/ who's producing this masterpiece, 
Bill schnee/ 
ever smiling, ever Loving/
Vini Poncideo and all his other friends 
and ev'rybody else who joined in and Helped us on this wonderful record.
So it's a big good night from your friends and mine, Ringo Starr"

E assim o disco infelizmente acaba...
Agora algo extra que deve se falar sobre este disco... a arte:
Desde a capa totalmente desenhada pelo Klauss Voorman (inclusive com um encarte com um desenho para cada música do disco) e a foto que ocupa o selo tanto do Lp como dos compactos de Ringo Deitado em um tipo de cama em formato de estrela.

Fica também aqui o comentário sobre a faixa que foi o lado B de photograph e não entrou no disco:

"Down and out" (Starkey) é um rock simples, com Harrison no slide e Gary Wright no piano (os dois fazem solos), a coisa de a música ficar esquecida talvez seja pelo vocal que poderia ter sido mais bem feito por Ringo, me parece meio como se fosse pra servir de guia. Mas ainda assim é uma ótima canção.

e vamos nós pro último lp!

Quadrilogia Parte Final: Ringo Starr - Goodnight Vienna (1974)


Embalado pelo sucesso estrondoso do disco passado, Ringo volta com mais esse álbum  produzido por Richard Perry para mais umas ótimas giradas no toca discos.

"Goodnight Vienna" (John Lennon) é a contribuição de Lennon para o disco do amigo. John estava vivendo seu período sem Yoko no famoso "final de semana perdido" em Los Angeles vivendo na mesma casa que Nilsson, Ringo, Elton John e Keith Moon (baterista do the who). Junto com sua namorada na época (May Pang, que inclusive ajuda nos backing vocals) entra na festa para mais este album. O termo é uma gíria de Liverpool que soa como "vamos embora daqui" (poderia ter haver com o fim do contrato obrigatório dos 4 Beatles com a apple? Se tratando de John Lennon, tudo é bem provavel!).
É uma música bem simpática, mas extremamente rápida, quando você se acostuma, a mesma acabou!

"Occapella" (Allen Toussaint) é uma canção bem típica de Dr John (não pensem que é o Lennon, é outra artista, até renomado por sinal) que trouxe uma sonoridade bem de "New Orleans" pra essa canção, um balanço bem gostoso que não pode passar despercebida!

"Oo wee" (Vini Poncia/Richard Starkey) é outra música que tem de novo a mão de Dr John, seria um bom compacto, não de muito destaque, mas cairia bem na coleção dos Beatlemaníacos.

"Husbands and Wives" (Roger Miller) é um cover de 1966 que o mesmo autor tinha entrado nas paradas de sucesso. Fala sobre o rompimento de casais (o que poderia já estar acontecendo com Ringo e sua primeira esposa Maureen Cox - pesquisas indicam que ele estava traindo ela e o casal se separou no início de 1975). É uma das músicas calmas do disco.

"Snookeroo" (Elton John/Bernie Taupin) vem com a colaboração de Elton John para o disco de Ringo, é uma alegre e rápida biografia de Ringo escrita por outras mãos. Chegou a ir pras paradas de sucesso nos Estados Unidos mas não chegou nas paradas da Inglaterra.

"All by myself" (Poncia/Starkey) é a música que abre o lado B do disco, mais uma vez com aqueles arranhos de metais bem peculiares de Richard Perry. O destaque é o  coro grave de Richard Perry, é impressionante!

"Call me" (Starkey) é uma música simples, três notas e algumas subidas de tom, mas como sempre gosto de falar com todos, a beleza está na simplicidade das coisas, e esta acerta em cheio.

"No No Song" (Hoyt Axton) é outra daquelas coincidências que me fizeram escrever sobre esses quatro lps: Além da mesma fazer um sucesso estrondoso (inclusive com direito a versão de Raul Seixas - Não quero mais andar na contramão) tem Harry Nilsson nos Backing vocals. É uma ótima canção, lembra muito aquele clima de piadas do son of schmilsson.

"Only You" (Buck Ram/Ande Rand) é um clássico do grupo The Platters que foi regravado por Ringo a pedido de John Lennon. A mesma ía entrar no disco "Rock and Roll" (de John), mas o mesmo decidiu que com Ringo ela ficaria muito melhor, com esta gravação o sucesso do disco se garantiu e inclusive com direito a clipe feito com Harry Nilsson (que faz os backing vocals)no topo do prédio da Capitol Records!

"Easy For me" (Harry Nilsson) é uma canção com versão definitiva (mesmo que Nilsson a tenha gravado algum tempo depois) com esta versão de Ringo. Piano, orquestra e Ringo mandando ver nos vocais. Passa rápido, mas deixa marcas!

"Goodnight Vienna" (Lennon) é basicamente a mesma música que abre o disco, mas vem também como despedida, com todo mundo que gravou o disco fazendo o coral da canção e ringo fazendo o fim da canção com a sugestiva idéia de que voltariam logo:

-"come on, boys, sing it to me!"

(goodnight vienna) hey, hey, hey.
-"oh, you're so beautiful, (goodnight vienna)
-"you know that i love you, don't you, boys?"
(goodnight vienna)

-"and don't forget, folks,
The band will be back in fifteen minutes.
Just a short break and they'll be back on stage
Ready to do it to you one more time!
That's it!"

O disco na sua capa veio com uma referencia total ao cartaz do filme "o dia que a terra parou" de 1951. A única coisa que foi trocada é a cabeça de Ringo no lugar da cara do artista principal.
Tanto o selo do disco como a parte traseira do disco indica mesmo que a coisa foi de sair literalmente do planeta como diz o título/gíria.

Uma coisa que preciso dizer aqui com mais calma é o seguinte:

Em 1974 saiu o filme estrelado por Harry Nilsson e Ringo Starr lançado pela apple films chamado "Son of Dracula". A trilha é basicamente uma coletânea dos dois "Schmilsson" com o single "Daybreak" que foi o sucesso do álbum em vários países, exceto Estados Unidos e Inglaterra.

It is he who will be king (Paul Buckmaster) – 3:07
"Daybreak" (Nilsson) – 2:43
"At My Front Door" (Ewart B. Abner, John C. Moore) – 2:40
Count Downe meets Merlin and Amber (Buckmaster) – 2:10
"The Moonbeam Song" (Nilsson) – 3:20
Perhaps this is all a dream (Buckmaster) – :47
"Remember (Christmas)" (Nilsson) – 4:09
Intro, "Without You" (Pete Ham, Tom Evans) – 3:47
The Count's vulnerability (Buckmaster) – 2:10
"Down" (Nilsson) – 3:07
Frankenstein, Merlin and the operation (Taverner) – 3:20
"Jump into the Fire" (Nilsson) – 3:16
The abdication of Count Downe (Buckmaster) – 1:10
The end (Moonbeam) – :49



Por mais que o album de 1974 de Harry Nilsson (Pussy Cats) tenha feito parte dessa união de amigos. Devido ao desgaste no qual Nilsson passou ao gravar o disco (que arrebentou uma de suas pregas vocais e não contou a john para que as gravações não fossem interrompidas, o resultado final não ficou bom e eu não vou recomendar aqui algo que, na minha opinião não ficou legal. Só vale a pena escutar "Many Rivers to Cross"e "Mucho Mungo/Mt. Elga"







Agora vamos ao jeito que sempre fecho todos os posts anteriores:
Nilsson Schmilsson: A versão original do disco não saiu por aqui (a edição brasileira, rara. saiu com o disco com uma ordem totalmente diferente da original e infelizmente com uma versão de apenas 3 minutos para "jump into the Fire". PRa ter a edição completa recorri a sites de busca e achei o meu lp completo (Uruguaio,mono) que não muda nada do disco original. Cerca de 30 reais

Son Of Schmilsson: Acredita que esse disco no Brasil é mais facil que o de 1971? Em Belo Horizonte (Minas Gerais) já vi pelo menos 3 cópias nos últimos 5 anos (quando estava procurando por lps do Nilsson). Cerca de 20 reais um disco em bom estado

Ringo: Quem tem, não vende (fato), fui arrumar o meu com um colecionador que me vendeu um lote completo de lps... então não tenho idéia de quanto custaria um lp em bom estado.

Goodnight Vienna: Este é um pouco mais facil de achar, talvez por causa de no no song e only you (inclusive o compacto de only you é bem fácil de achar, cerca de 5 reais no máximo), o lp deve estar entre 15 e 30 (se tiver o encarte e bem conservado).

Pussy Cats: Tem em quase todas as lojas que tiver material de Harry Nilsson, o problema é o nome de John Lennon no disco que poe o mesmo a 30-50 reais (em uma cópia ruim). Eu mesmo não tenho.

Obrigado a você que dedicou um tempo para ler, foi um trabalho feito com bastante dedicação que me levou 2 dias de montagem e pesquisa.


Um abraço e até o próximo!