quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Benito di Paula (1971/1979)*



Este disco tem uma das curiosidades de minha cabeça... Por que duas datas?

Pra quem espera um disco de samba não vai se decepcionar totalmente, mas pra quem se pergunta como seria se Benito di Paula seria se não seguisse pelo samba, eis um belo prato de boas variações (as melhores na minha opinião).

O disco é uma variação bem black no sentido da palavra. Digamos que é super bem vindo para quem justamente quer ouvir coisas diferentes, se quiser, até dançar!

Mais de 85% do disco é de covers, mas não se assuste, tem versões até melhores que as originais!

Bom, o principal motivo pelo disco ter sido lançado e retirado das lojas já é o mesmo motivo pela canção em sua versão original ter sido tirada das lojas:

Apesar de você (Chico Buarque), foi lançada originalmente pelo próprio Chico em compacto em 1970. Aí o disco de Benito já estava sendo feito e, como a mesma entrou nas paradas de sucesso (até os censores descobrirem que era uma música de protesto disfaçada), entrou como a abertura do disco... Aí, quando a censura descobriu qual era o verdadeiro sentido da letra da música, o compacto de Chico Buarque foi retirado das lojas e , com ele, o disco de Benito di Paula também (que pena, grande pena). Mas o mesmo lp (pelo que andei pesquisando) devido ao grande sucesso de suas canções dos discos lançados no ano de 79*, acabou finalmente voltando as lojas, mas já era tarde, o disco já estava bem obsoleto.

Voltando ao disco a segunda faixa já mostra o lado black chegando de modo pesado no album de estréia de Benito: Jesus Cristo (Roberto/Erasmo) já começa totalmente diferente da versão diferente (é solada a melodia clássica "Jesus, alegria dos Homens"- de Bach) e já chama para um soul que parece ter sido justamente pra Benito di Paula cantar (uma voz super grossa não chegando a rouquidão constante). Uma das músicas que mais chama a atenção do album!

"Você vai ser alguém" é a primeira das 4 faixas do album que são de autoria do próprio Benito di Paula. Mas não tem nada haver com samba (ainda), ela lembra muito mais uma música de festival (e cá entre nós, não deixaria nada a dever!).

"Viagem" (Taiguara) É bem ao pé da versão original, que, na minha humilde opinião, saiu ganhando por ter tanto reverb quanto a versão do autor!

"Na tonga da Mironga do Kabulete" (vinícius de Moraes/Toquinho) vem um pouco mais acelerada (nem tanto) e sem a versão recitada da original, mas vem bem fiel a primeira versão (o mais perto de samba do disco? sim, quase lá!).


"Longe de você" (Benito di Paula/Carlos de Carvalho) se aproxima muito do estilo da primeira música autoral do disco, mas parece um pouco como jogada pra escanteio, apesar de ser uma bela faixa.

O lado B começa com duas releituras do primeiro disco de Ivan Lins, mas, que me desculpem os fãs, a primeira ficou como uma versão definitiva na minha opinião:

Salve Salve (Ivan Lins/Ronaldo Monteiro) sai do ritmo caribenho da original e ganha uma levada soul talvez mais dançante que a original? Não sei, mas Benito está matando a pau com essa interpretação viceral (temos que lembrar que antes disso, Benito di Paula era cantor de baile, então pra ele ter chegado nessas gravações com mudanças feitas em apresentações antes não custa nadinha).

Madalena (Ivan Lins/Ronaldo Monteiro) chega mais enxuta que a versão original sem muitos arranjos, mas aí sim um pouco mais rouca que a mesma na primera versão).

"Eu gosto dela" (Benito di Paula) é a melhor música autoral dele neste disco. Não é bem um samba, leva um pouco de salsa e o arranjo é fantástico!

"Azul da cor do mar" (Tim Maia) vem com a levada igual, mas ao mesmo tempo totalmente diferente com uma guitarra havaiana (não posso dizer quem é pois o disco não tem ficha técnica) linda floreando a música toda!

"menina" (Paulinho Nogueira) vem bem fiel a original, mas não deixa de ser uma das músicas favoritas do disco.

"preciso encontrar você" (Benito di Paula) é a faixa que fecha o disco, mais uma vez mostrando um Benito totalmente diferente do que conhecemos um pouco depois. Essa música, por causa do arranjo, me remete a músicas do Agnaldo Rayol, é algo que ele gravaria com certeza!

Resumo sobre o disco: Cace ele, tenha em sua coleção (de preferencia em vinil, pois a qualidade é muito melhor) pois vale a pena ouvir esse primeiro lançamento do mesmo.
Acredito que um disco (não primeira edição... quase impossível de achar) deve estar na faixa de seus 20 reais... Quando se acha!

Até mais

*correção vinda a tempo graças ao grande Manoel Filho (eu tinha escrito 1973 por pesquisas na internet, mas ele corrigiu a tempo falando que este disco só foi relançado em 1979)

Nenhum comentário:

Postar um comentário