quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Erlon Chaves - Banda Veneno Internacional Erlon Chaves vol 3 (1973)



Hoje, como toda postagem tenho feito, decidi que o disco seria esse após ele passar na dona vitrola.
Falar do próprio artista é difícil... o que é que se acha dele sem ser dados de arranjos que o mesmo fez? Não existe uma biografia sequer detalhada sobre a vida do mesmo, imagina dos lps?
Pois bem, vou tentar aqui...

Erlon Chaves já vinha ganhando a vida como arranjador de discos da Elis Regina, fazendo discos por gravadoras menores (sem muito destaque) até que em 1970, com a música de Jorge Ben, ele, e a Banda Veneno foram destaques do Quinto Festival Internacional da Canção em pleno Maracanazinho.
A partir daí, empresariado pelo grande amigo Wilson Simonal, Erlon consegue um contrato mais sério com a philips com o lp (o mais procurado de toda a série) "a banda veneno de Erlon Chaves". Com isso ele já estava tocando no programa do Flávio Cavalcanti e mantendo, desde então, seus discos pela gravadora.

No fim de 1973 chega as lojas o terceiro (mas quarto, se contarmos com o disco de 1971) da série Banda Veneno Internacional.

Produção de Mazola, o que leva o disco àquela sonoridade tão própria da Philips naquele ano (Luiz Melodia-perola negra-,Krig Ha bandolo- Raul Seixas- e tantos outros, basta botar os mesmos na vitrola que você vai ver). Como o mesmo não tem ficha técnica de músicos (só começou a aparecer no derradeiro lp), até desconfio que os músicos sejam os mesmos de todos esses discos. Mas como não sei, não vou confirmar o fato para não saírem me criticando.

Bom, mas vamos as músicas presentes nesse disco.
Como vinha já ocorrendo, a maioria das músicas presentes no disco são músicas presentes nas paradas de sucessos da época. Tirando algumas raras exceções.
Já começa então com essa rara exceção que cai muito bem para o disco:

"Habanera/El Toreador" São duas obras presentes na ópera Carmen, de Bizet, de 1875. Pra essas obras estarem presentes, temos que lembrar que Erlon Chaves era estudado em música, um grande pesquisador até então.
A orquestra ataca de um forma bem alegre, pra cima (bem típico do Veneno), e dando então uma revitalizada e, quem sabe, tentando trazer para as paradas de sucesso esse trecho de ópera.
Como sempre presente, no fim da faixa escutamos o próprio Erlon Chaves soltando algumas frases, para as quais o coral solta um alegre "Olé!". Vale a pena ouvir!

"Push Together/The Cisco Kid" É a segunda faixa do disco com duas músicas distintas: The Chakachas é um grupo Belga que chegou as paradas de sucesso do ano de 1973 justamente com esta música apresentada (é outro grupo bem dificil de achar qualquer dados), mas é uma música super pegajosa nos ouvidos... cuidado que você vai viciar!
The cisco Kid é uma música do grupo "War", é um dos primeiros Hits da banda que já teve Eric Burdon (the animals) em sua formação, mas saiu antes desse hit ser gravado.. The Cisco kid foi o segundo single do disco "The World Is a Ghetto" que foi de cara para o topo das paradas.
O arranjo de Erlon Chaves foi tão bom que você quase não percebe que uma música é diferente da outra!

Logo após vem uma das músicas que a galera mais gosta desse album "Long train runnin/soul makossa".
A primeira canção desse medley é do Doobie Brothers, surgiu originalmente numa Jam ao vivo e acabou virando um dos Big Hits da banda. Não chegou a primeiro lugar fora daqui, mas pelo jeito deve ter pelo menos um dia ter chegado ao primeiro lugar para ter chamado a atenção de Erlon Chaves... de repente foi imposição da gravadora, vai saber...
Os vocal dessa música fica por conta de uma mulher que foi extremamente sensacional na sua interpretação!
Soul Makossa era um lado b de um compacto gravado em Camarões pelo saxofonista Manu Digango que, quando foi descoberto por uma rádio que só tocava som Black se tornou um estouro mundial que até hoje acaba servindo de sample sobre qualquer parte da música (seja a melodia, seja o jeito que Dibango canta ou o sax da música).
No Brasil a canção original chegou voando aos primeiros lugares e , claro, ganhou o disco da Banda Veneno com os vocais do próprio Erlon Chaves que impressiona com a voz grave na canção... Não é tão fiel ao vocal original, talvez pela conotação ao soar para ouvidos não familiarizados com os versos africanos:
A letra original soa "ma-mako, ma-ma-sa, mako-mako ssa" (o "o" soando como "u")
Erlon Chaves cantou "Ma-ma-ma, Ma-ma-ma, Mama-makossa" (o "o" soando como "Ô" pra evitar problemas heheheh). Mas mesmo assim é uma bela junção, escute!

My Love/Live and Let Die (Paul & Linda McCartney) vem de uma certa forma obrigatóriamente juntas... os compactos (as duas são gravadas quase no mesmo período do ano, mas lançadas separadamente) chegaram com Paul McCartney cada vez mais consolidado com seu novo conjunto (Wings) e chegando finalmente a se acostumar a uma carreira sem os Beatles.
My Love é uma música do LP Red Rose Speedway, totalmente dedicada a sua esposa (Linda McCartney) pegou os Brasileiros de assalto e, quando o compacto da mesma chegou às lojas , foi direto pro primeiro lugar!
Live and Let die é uma música feita por encomenda para a trilha sonora Homônima do filme do agente James Bond lançado no mesmo ano.
Provavelmente rolou um momento na qual as duas ocuparam a mesma parada de sucessos por causa de seu lançamento tão perto do outro (nem dois meses de diferença aqui no Brasil)e aqui estão dividindo a mesma faixa neste lp de Erlon Chaves.
O destaque é a parte de Live and let die na qual a mesma vocalista da faixa anterior desse disco que estou falando junto com Erlon chaves falando "Live and let die", o refrão ganhou uma levada diferente que vai ficando cada vez mais rápida conforme a música vai chegando ao fim.

"Issmechú Hashamaim" (música judaica) é a música que fecha o lado A desse disco.
não sei mais detalhes sobre a canção original, e nem o motivo de Erlon Chaves ter incluído a mesma neste lp, mas ficou com um arranjo maravilhoso, e bem respeitoso!

O Lado B abre com "Jingle Bells/White Christmas", a primeira tradicional e a segunda de autoria de Irving Berlin. Tratando-se de um disco lançado tão perto do natal, dá pra se ter uma idéia de porque ela está neste lp. Meu comentário é: Ficou Ray Conniff demais, mesmo pro Erlon Chaves... pule, comece da segunda faixa.

"Killing me softly with this song/Lost Horizon" É a segunda música desse lado do disco... o que a outra foi transformada numa cara de Ray Conniff, essa já está totalmente transformada numa única faixa de Burt Bacharach, estremamente mais agradavel aos ouvidos pra quem já vinha acompanhando o lp desde o início.
"Killing" é um big sucesso na época na voz de Roberta Flack no ano de 1973, até hoje umas músicas que mais me impressiona... é realmente brilhante!
"Lost Horizon" é do próprio Bacharach, feita para a trilha do filme Homônimo lançado em 1973 também.

"I don't live without your love" É a segunda música desse disco que aparece sozinha... Quem é Norel Keys? A charada está respondida no próprio nome! Norel (Erlon numa sopinha de letras) e Keys (Chaves em inglês).
Por que a mesma não tinha um crédito a ele? Não existe uma fonte de pesquisa qualquer exceto pelo livro de Simonal (Ninguém sabe o duro que dei) no qual se fala da última faixa do derradeiro lp da banda veneno: Danielle (nome da menina que seria adotada por Erlon e sua esposa. A adoção não foi concretizada pois Erlon e sua esposa estavam esperando a esposa de Flávio Cavalcanti entrar em trabalho de parto, mas Erlon morreu antes, de infarto) creditada também a Norel Keys.
É uma simpatica e curta canção... escute!*

"let your yeah be Yeah/He" é a penultima música do album. Esse medley é praticamente de duas músicas de bandas "one hit wonder".
Let your yeah be yeah não é "one hit wonder" só pro compositor: Jimmy Cliff, mas para a banda Brownsville Station foi... ela teve outros pequenos hits, mas foi esse quem trouxe a fama mundial temporária para eles.
"He" é uma música gospel que foi um hit temporário da banda "today's people", tudo pesquisado até então só indicou que foi feito apenas um compacto com essa música e nada mais... só não passa despercebida nesse album pois a versão da banda veneno é bem alegre para as duas canções que se casaram perfeitamente.

"o show já terminou/de tanto amor/a distância" é a música que fecha o album com uma bela homenagem a Roberto Carlos (e a Erasmo como compositor), já que nesta época já se tinha o costume de: pra um disco ser inesquecível, tinha que passar as vendas anuais do Rei... sempre foi assim desde os anos 60.
"o show já terminou" era um sucesso na época dessa versão, mas só tinha saído em compacto até então.
"de tanto amor" é um hit do disco de 1971 e "a distância" era outro big hit do disco de 1972.
Eumir Deodato (presente no volume 2) e Roberto Carlos foram os únicos Brasileiros que tiveram seus hits na série internacional da banda veneno (teve o lp "medalhas de ouro de Erlon Chaves e Paul Mauriat, mas esse foi totalmente dedicado a música Brasileira).

Quanto ao lp, eu recomendo demais ter ele em sua casa. Qualquer disco do Erlon Chaves é um pouco dificil, mas dei a sorte de achar esse por 20 reais. Recomendo a procura!
Até o próximo!

* A partir do segundo disco "Erlon Chaves e Banda Veneno Internacional", todos os discos aparecem com músicas autorais creditadas a Norel Keys: all my love is for you(volume 2), I don't live without your love(volume 3), Alone on the Beach (volume 4 - parceria de Norel Keys/Mazza-Mazzola- e Bruce Henry-?), I'm foolish but i love you e Danielle (volume 5)

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